sábado, 22 de outubro de 2011

Paradise

Eu apenas sonhava. Achava que o mundo, as pessoas, o amor e a engenharia social eram, em certas circunstâncias perfeitos, não compreendia as transgressões, na realidade nem sequer parava para pensar nelas, achava que um dia tudo se encaixaria. (She expected the world)
Eu apenas sonhava. Vivia às margens de um enorme lago delicioso para o meu calor sufocante mas me  divertia apenas com emoções rasas, amizades rasas, tardes de verão rasas. Molhava apenas os pés às vezes e logo depois voltava rapidamente à margem, assustada como quem olha para um espelho e vê um rosto diferente do seu.
Eu apenas sonhava, não era errado, não era criminoso, tudo era apenas sonho e medo. (para-para-paradise)
Mas nada se encaixou, pelo contrário, tudo ficou ainda pior, eu queria correr para longe mas tudo o que eu tinha além de todas as tentativas frustradas, todas as decepções, enfim, tudo o que estava logo atrás era o lago, e só podia respirar fundo e travessá-lo. (She closed her eyes)
E eu continuo sonhando. Mas agora eu sei pelo que aspirar, não tenho medo do que as águas do lago podem me dar como reflexo e não quero mais sair correndo, as pessoas que eu encontrei pelo lago me mostraram o quanto é bom ficar. São sonhos melhores, com pessoas e opiniões melhores. O paraíso é ter a vontade certa. (I know the sun must set to rise) 


Inspirado em Paradise - Coldplay

sábado, 15 de outubro de 2011

Então faz assim,

Então faz assim, você finge que eu sou louca e eu finjo que acredito. Não, meu bem, não é tristeza, não é mágoa, você tá vendo alguma lágrima correndo meu rosto? Não, meu bem, hoje não é tristeza não, hoje é só revolta. 
Revolta porque já tem mais de um ano que eu me culpo todas as tardes por não me encaixar nesse seu modelo hipócrita de ser gente. Revolta porque a cada palavra dita para qualquer pessoa, a cada escolha que eu tive que fazer e até mesmo, por mais impossível que isso pareça, a cada pensamento do meu dia-a-dia eu me policiei, eu incuti as suas ideias nas minhas pra me encaixar nesse seu padrão. Revolta porque eu cedi, o tempo inteiro eu cedi às suas abordagens, eu cedi à sua inveja, eu cedi à sua infelicidade e até mesmo à sua loucura pra ser quem você quis que eu fosse. Revolta porque eu prometi tudo o que você me fez prometer que faria e principalmente porque eu acreditei em todas as minhas promessas, porque eu penso nelas, porque  eu quero cumpri-las. Revolta porque apesar de todas as coisas, tudo o que eu tive que reformar, remodelar, tudo, tudo foi intensamente verdadeiro pra mim, já pra você, pra você eu não tenho mais certeza. 
Faz assim, me conta tudo, me diz as suas verdades, mas dessa vez me diz elas inteiras. Se é como você me diz, se "mentiras sinceras" te interessam, saiba que a mim não interessam, não quero mais, não me importa mais se você gostaria de nunca ter sido as coisas que você é e fez, me fala, me deixa ouvir tudo saindo lindamente da sua boca-fruta, me explica porque eu, qual era o plano, me explica porque eu não tô conseguindo entender! Não to conseguindo admitir que você é mesmo tão diferente do que diz ser, que todo esse discurso é mesmo uma piada!
Então faz assim, você finge que eu sou louca e eu finjo que acredito, você me acha louca, meu bem, então eu vou provar dessa loucura, agora eu vou sentir o gosto das coisas que você costuma comer.   

sexta-feira, 7 de outubro de 2011



Queria coisas que já não acho que seja capaz de ter. O tempo agora me parece rápido de mais. Caminho bem e virilmente mas me sentindo no cume de todas as escolhas, tudo agora me parece consequência. Queria uma ideia num dia de chuva, uma madrugada cigana, risos verdadeiros, copos bem cheios, gosto de vida nova.

sábado, 1 de outubro de 2011

Ainda por você

Vou à meu reencontro com sede ao meu pote, que é, acredite, cheio de doçuras dos meus olhos, cheio de ranhuras que minha alma asfixiada por minhas enormes vontades gravou nas paredes do meu corpo-metal. Menina-de-pano, mulher-de-aço, que transformação foi essa que eu nem vi? Foi que de repente eu bati no peito e assumi as responsabilidades  sem, ao menos, parar pra me perguntar se eu era mesmo tão inoxidável como eu sempre achei bonito ser. Veio o enorme vendaval e eu continuo resistindo, mas vem você, de novo, como sempre me obrigando a me revirar. Pensamento longe o dia todo, muito o que falar desse meu jeito, que você sabe, não é oral. Volto a gritar para que você não escute, volto a chorar por bobeira, provo, mais uma vez que eu não perdi a mão como você disse que eu perderia. Mudei o jeito de te atender no telefone e você notou que tenho sido mais doce ao passo que quando me beija tanto doce te faz perder o sabor de todas as outras coisas por dias e quando você chove suas lágrimas de necessidade por tudo o que eu já não posso te dar o açúcar todo vai-se embora; dá pra escutá-las tilintando na minha camada metal; meu pensamento é só uma imensa corrida, ora pra longe de você, pra nunca mais voltar, ora pra tão perto de você que chega a ser dentro, dentro do teu lento e escuro mundo desorganizado. 
Mas tudo ainda acontece, ainda procuro me encontrar, ainda por você.